Iniciativa liderada pela SMAC visa identificar e monitorar as ilhas de calor extremo e os parâmetros de qualidade do ar na região; objetivo central é transformar dados em políticas públicas e promover a educação ambiental entre os moradores
A Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima (SMAC), em colaboração estratégica com a ONG Voz das Comunidades, dá início às atividades do Observatório do Calor do Complexo do Alemão, nesta quarta-feira, 13/08, às 9h. A iniciativa, liderada pela SMAC, visa identificar e monitorar as ilhas de calor extremo e os parâmetros de qualidade do ar na região, com o objetivo central de transformar dados em políticas públicas eficazes e promover a educação ambiental entre os moradores. O projeto representa uma união de tecnologia, participação popular e justiça climática.
A escolha do Complexo do Alemão, definida pela SMAC, baseou-se em seu reconhecimento como uma das principais ilhas de calor extremo da cidade, conforme o “Mapa de impacto ao perigo climático – Ondas de Calor” do Plano de Desenvolvimento Sustentável (PDS) do Rio. As características locais, como ruas estreitas, pouca arborização, alta densidade populacional e ausência de ventilação natural, evidenciam a urgência de intervenções urbanas e climáticas que a Secretaria se propõe a abordar. Além disso, a região apresenta um Índice de Progresso Social (IPS) abaixo da média da cidade, reforçando a visão de ações integradas para a melhoria da qualidade de vida.
A Secretária Municipal de Meio Ambiente e Clima, Tainá de Paula, reafirmou o compromisso com a iniciativa, enfatizando sua importância: “O calor extremo e a poluição do ar são riscos sérios à saúde, especialmente em áreas vulneráveis como o Complexo do Alemão. O Observatório do Calor nos permitirá entender melhor esses impactos de forma localizada e agir de forma direcionada para proteger a população, desenvolvendo estratégias de mitigação e adaptação climática essenciais para a região, lado a lado aos moradores.”.
A metodologia implementada inclui uma rotina semanal de coleta de dados em diferentes pontos da região. Utilizando equipamentos portáteis de medição com precisão de 0,1°C, capazes de medir temperatura e umidade relativa, a SMAC garante a obtenção de informações precisas e localizadas. Após a coleta, os dados serão compilados e analisados por profissionais especializados para a elaboração de relatórios parciais e finais. Este modelo de ciência cidadã não só assegura dados confiáveis, mas também empodera a comunidade, fornecendo uma base sólida para políticas públicas mais eficazes e alinhadas com as necessidades reais da população.
O projeto inclui a seleção e capacitação de residentes do Complexo do Alemão como pesquisadores, promovendo a geração cidadã de dados. Estes pesquisadores locais serão equipados com termômetros digitais e capacitação técnica para monitorar a temperatura em pontos estratégicos da favela três vezes ao dia (9h, 15h e 21h), criando um retrato fiel da realidade climática local.
“Não dá mais para ignorar o calor nas favelas. Sentimos na pele. O observatório é uma ferramenta para mostrar com dados o que já vivemos há anos: o calor aqui não é só desconforto, é risco à saúde, é falta de cuidado urbano”, destaca Gabriela Conc, co-fundadora da Voz das Comunidades.
Com vistas à sustentabilidade e replicabilidade, os equipamentos adquiridos serão incorporados ao patrimônio da SMAC, o que possibilitará que a metodologia do seja replicada em outras localidades, avançando no objetivo de tornar a cidade mais resiliente aos impactos das mudanças climáticas, e assegurando uma rotina mais saudável e segura para todos os cariocas.











